terça-feira, 12 de março de 2024

Neptunus Redux

Não é incomum nas competições entre fãs do Riordanverso ter provas artísticas, e um dos objetivos desse blog era ter um lugar para mostrar esses desenhos. Essa arte do Netuno que está logo aí embaixo foi uma das primeiras artes que eu fiz depois que comecei a me envolver no fandom de Percy Jackson. Também é o primeiro desenho colorido que eu fiz em muuuuuito tempo.

Netuno protegendo a viagem de um navio romano

Se lembro direito, a tarefa era desenhar um deus romano. Acabei escolhendo Netuno justamente pelo jeito que é descrito o relacionamento dos romanos com Netuno em "O Filho de Netuno":

— Sinto muito, Percy — disse Hazel. — É que... os romanos sempre tiveram medo do mar. Só usavam navios se fosse necessário. Mesmo nos tempos modernos, ter um filho de Netuno por perto é mau presságio. A última vez que um ingressou na legião... bem, foi em 1906, quando o Acampamento Júpiter ficava do outro lado da baía, em São Francisco. Houve um terremoto gigantesco...
— Você está me dizendo que ele foi provocado por um filho de Netuno?
— É o que dizem. — A expressão de Hazel era de remorso. — Enfim... Os romanos temem Netuno, mas não o amam muito.

Ou então:

— Um barco! — Octavian virou-se para os senadores. — O filho de Netuno quer um barco. Viajar por mar nunca foi do feitio dos romanos, mas ele não é muito romano!

Ok, o Rick escreve assim para dar um certo choque nos leitores, acostumados com o prestígio do filho de Poseidon no Acampamento Meio-Sangue, e trazer uns pontos de antagonismo para fazer a história andar. Mas era assim mesmo? Viajar por mar não era do feitio dos romanos? Só usavam navios se fosse necessário?

É, esse é mais um daqueles pontos em que a ficção se distancia do que a gente conhece da história. Tá, a República Romana no começo não era muito chegada em navios, quando precisava de alguns emprestava ou contratava os serviços dos povos latinos ou dos gregos, e isso funcionava bem. Mas na época da Primeira Guerra Púnica a situação mudou um pouco e a República montou uma esquadra com mais de 200 navios e foi atacar Cartago!

Mesmo sendo novatos na arte das batalhas navais, a marinha romana não fez feio na Primeira Guerra Púnica, vencendo os cartaginenses várias vezes. O feito fica mais impressionante se lembrarmos que Cartago era uma potência marítima e os romanos tinham acabado de aprender a fazer seus navios!

Mas sabe o que foi terrível para a esquadra romana durante essa guerra? Tempestades. Perderam quase todos os navios para uma tempestade em 255 aC. e de novo em 253 aC. Em uma dessas tempestades, mais de 100 mil romanos perderam a vida. É o tipo de coisa que gera um certo trauma. E quem os romanos achavam que poderia proteger os marinheiros das tempestades no mar? Se você respondeu Netuno, acertou. Então sim, os romanos temiam Netuno e agradeciam a ele quando os seus entes queridos retornavam com vida depois de uma jornada pelo mar. Esse é o Neptunus Redux (ou Neptunus Reduci), o Netuno que trás de volta o navegante.

A medida que o tempo passou e a República conquistou novas terras, o transporte marítimo se tornou essencial: tropas, tecidos, azeite, ferro, toda sorte de mercadorias e, principalmente, o suprimento de grãos de Roma iam e vinham em navios pelo Mar Mediterrâneo, que era o caminho mais curto entre Roma e as suas províncias. A última grande ameaça ao domínio romano do Mediterrâneo foi uma epidemia de "piratas", que acabou sendo resolvida em 67 aC. por Pompeu Magno, que era devoto de Netuno, comandando uma esquadra com mais de 500 navios e 120 mil homens armados.

A pirataria não deixou de existir depois da vitória de Pompeu, encontrar bandidos no mar ainda podia ser um problema para alguns viajantes azarados, mas não era mais uma ameaça a República (e depois ao Império). Definitivamente, os romanos viajavam e dominavam o mar.

Sobraram as tempestades, que não podiam ser enfrentadas pela força das legiões ou da marinha romana. Esse não era um trabalho para os mortais. Neptunus Redux

Moeda do Imperador Vespasiano, por volta do ano 70 dC, no verso a imagem de Netuno, marcada como NEPtunus REDux
(imagem extraída de Colonial Coins and Medals)

quarta-feira, 6 de março de 2024

Escudo de Porta-Estandarte - parte 3a

E esse guia ficou bem... confuso. Nele tem o final dos processos da parte 2 (que não couberam na parte 2a) e uma parte dos processos da parte 3. Por que isso? Porque é muita coisa. Ah! E se estiverem usando os guias e os posts para fazer um escudo, prestem atenção que os tamanhos do guia e os que estão nos posts não são necessariamente os mesmos. Nos guias o escudo tem 60 cm e nos posts ele tem 58 cm (59 cm com a borda). Depois devo fazer um guia só com a parte da decoração e alguns explicando como fazer a bossa direitinho. Talvez quando eu fizer outra bossa? Não sei. Por enquanto fiquem com o final da montagem do escudo. Se não quiser decorar, ele já está pronto.

E com isso você tem um escudo pronto para usar!

Escudo de Porta-Estandarte - parte 3

Deixamos no último post o escudo praticamente pronto. Está com a bossa instalada e a camada de decoração já aplicada. Agora falta "só" o acabamento. Por que as aspas? Porque qualquer um que já participou de uma reforma ou construção sabe que o acabamento costuma dar mais trabalho que erguer uma parede. Não é diferente para o escudo.

A borda do escudo vai ser uma tirinha de EVA de 5 mm colada por toda a volta, mas para isso ficar direitinho é legal dar uma uniformizada nas bordas, para isso usei de novo a massinha de EVA. Como a massinha de EVA demora para secar, melhor já deixar ela passada e ir fazer outras coisas.

Uma das outras coisas é a borda da bossa. Normalmente a bossa não é uma "bolinha" largada no meio do escudo, ela costuma ter uma borda, na maior parte das vezes circular, quadrada ou retangular. Nos escudos retangulares semi-cilíndricos (o popular "escudo romano") todas as formas de bordas aparecem. Já nos escudos redondos, o mais comum é a borda circular mesmo. Essa borda da bossa também pode ser decorada, mas nesse escudo resolvi manter simples.

Não tem muito segredo, em uma folha de EVA autocolante com 2 mm de espessura, cortei um círculo de 22 cm de diâmetro e depois recortei dele um de 18 cm. Ficou um anel com 22 cm de diâmetro e 2 cm de largura. Antes de tirar a proteção do adesivo, sempre faça o teste de encaixe com a bossa. Sério. EVA é elástico e molinho, ainda mais o de 2 mm, sair um corte de encaixe perfeito nessas condições é bem complicado. Então fui esticando, cortando sobras, reesticando, ajustando, virando para um lado ou para o outro e quando ficou OK, tirei a proteção e colei por cima do EVA vermelho.

Agora já dá para fazer os relâmpagos. Sempre uso fita isolante para esses detalhes, a fita isolante amarela funciona muito bem. Fica um pouco transparente, então coloco duas camadas. As pontas de seta faço colando dois pedacinhos da fita com 4,5 cm ou 5 cm de comprimento um do lado do com sobreposição de um milímetro ou até menos e corto um triângulo isósceles. Uso as duas "sobras" nas pontas para fazer um novo triângulo e colar sobre o primeiro (duas camadas, certo?). Se escolheu 5 cm, faça todas as pontas de seta com 5 cm, se escolheu 4,5 cm, todas com 4,5 centímetros.

Olha como já fica bonitão!

Na foto que coloquei, a borda já foi aplicada. Como ela foi feita? São quatro tiras de EVA autocolante de 5 mm, duas com 46 cm de comprimento e duas com 45 cm. Todas com mais ou menos 2,5 cm ou 3,5 cm de largura, depende basicamente da espessura do papelão que acabou usando. Como as duas metades do EVA frontal se juntam bem no meio do escudo, fazendo uma linha vertical, coloquei as tiras da borda deslocadas 45 graus, então a borda externa ajuda a fixar as duas metades. A espessura do escudo não ficou uniforme em toda a circunferência do escudo, deixei bem alinhadinho com a parte da frente e depois, na parte de trás, dependendo do desnível entre a borda e a face traseira, cortei as sobras com tesoura, cobri o desnível com massinha ou fiz um combinado dos dois.

A emenda da borda e um pouco da massa de EVA

O próximo passo é chato, demorado, dá outra vida para o escudo e eu não tenho nenhuma foto do processo. Esse passo é pintar a bossa de prateado. Para fazer isso, primeiro tem que "selar" o EVA. Como que faz essa "selagem"? Passando uma mistura de 2/3 de cola branca para 1/3 de água. Pelo menos três camadas esperando secar entre uma camada e a próxima! Simplesmente horrível. Durante esse processo fiquei olhando bastante para o escudo e cheguei a conclusão de que as laterais estavam muito vazias.

Nos outros escudos, cobri esse vazio com asas estilizadas, também feitas de fita isolante branca e amarela intercaladas. Mas acho que no espaço disponível não dá para colocar as asas de maneira satisfatória. Talvez colocar duas Vitórias? A Vitória é um elemento bem comum nos escudos romanos... Mas será que não tem mais anda relacionado a Vênus que possa colocar? Tem. E ainda conseguimos fazer a ligação com as asas. Um dos símbolos de Vênus é a pomba. Resolvi colocar duas pombas feitas de EVA branco de 1 mm, uma de cada lado. Cortei a silhueta da pomba, com um pincel, passei cola de EVA na parte de trás da pomba recortada. Usei o pincel para a cola ficar uma camada mais uniforme e não vazar para os lados ou fazer bolinhas. Na sequência colei as duas pombas.

Uma das pombas, feita em EVA branco

Voltando a pintura, usei tinta acrílica metálica "Metal Colors" da Acrilex. Ao invés do prata, usei o alumínio que, para mim, pareceu mais metálico no final. Duas demãos são suficientes, e é bom registrar na cabeça por onde começou. Essa tinta seca bem mais rápido e depende da sua velocidade, quando terminar de passar a primeira mão, a outra ponta já está seca para passar a segunda A minha velocidade é lenta, demoro muito para conseguir passar a tinta em todas as voltinhas e reentrâncias da decoração.

A bossa já com a segunda demão de tinta metálica

E agora acabou. Provavelmente vou passar um tempo ainda fazendo ajustes aqui e ali. Acho que o ideal ainda é passar um pouco de Silvertape na borda, ajuda a selar e diminui a chance de descolar alguma coisa caso o escudo seja usando em batalha, mas gostei muito do efeito final!

Escudo de signiferi combinando as bençãos de Vênus,
o poder de Júpiter e a força de Marte