quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Escudo de Porta-Estandarte - parte 2a

Mais um guiazinho feito a mão para ajudar a montar um escudo de signiferi. Nessa parte 2 acabei escrevendo muita coisa e não coube tudo em um desenho só. Então, provavelmente, vai ter uma parte 2b com o resto dos processos que descrevi, mas talvez vá tudo direto para a 3a, depende do tamanho que ficar quando for desenhando:

Mais um guia para ajudar a fazer o
que foi descrito no último post


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Escudo de Porta-Estandarte - parte 2

No último post deixei a estrutura do escudo, de papelão e PVC, secando. Depois que estiver tudo seco e bem colado já dá para "mumificar" com a fita adesiva. Uma coisa que eu precisei fazer antes, como usei umas caixas bem mais ou menos como origem do meu papelão, foi dar uma nivelada nos buracos e desníveis. Usei para isso massinha de EVA, mas dá para usar retalho de papelão, papel machê, etc. Até dá para deixar desnivelado mesmo, eu só acho que a irregularidade atrapalha a colar as camadas depois.

Quando eu falo "mumificar" o escudo com fita adesiva, é isso mesmo: cobrir todo o papelão com fita adesiva. Colo faixas levemente sobrepostas em uma das faces, sempre sobrando um pouco de fita para fora papelão. Essa sobrinha é dobrada e já vai cobrindo a borda do escudo. Depois de ter teminado uma das faces, fiz a outra face do mesmo jeito, mas com a fita adesiva em 90 graus em relação a que tinha feito antes.

Com um pouco de atenção é possível ver
a cobertura de fita adesiva em toda a
superfície do escudo. Não é a melhor foto,
mas é a que eu tenho.

A camada de decoração vai ficar colada por cima da fita adesiva, e não diretamente no papelão. Isso ajuda depois a dar manutenção. Agora vem a parte divertida: pensar a decoração! Essa é uma das coisas que eu mais gosto de fazer um escudo. Claro, depois tem o sofrimento para transformar o que eu pensei em realidade, mas isso é outro problema, né?

Bom, a primeira coisa é decidir o padrão de cores básico. Para isso vou pegar uma ajuda na descrição da Legião Fulminata em "O Filho de Netuno":

Os campistas estavam vestidos para a guerra. Cotas de malha e grevas polidas reluziam sobre camisetas roxas e jeans. Desenhos de espadas e caveiras decoravam seus elmos. Até mesmo os coturnos pareciam ameaçadores com suas cunhas de ferro, ótimos para marchar na lama ou para pisar em cabeças.

Diante dos legionários, como uma fila de peças gigantes de dominó, estavam seus escudos vermelhos e dourados, que eram do tamanho de uma porta de geladeira. Cada legionário carregava uma lança chamada pilo — semelhante a um arpão —, um gládio, uma adaga e mais uns cinquenta quilos de equipamento. Ao entrar para a legião, quem estava fora de forma não ficava assim por muito tempo. O simples ato de andar com a armadura era um exercício para o corpo inteiro.

"Escudos vermelhos e dourados", só com essa descrição ,e com o material das ilustrações, séries e filmes que já vimos, a nossa mente forma uma imagem de um escudo romano:

Cenas de vários filmes mostrando o scutum
vermelho com os detalhes em dourado.
Em sentido horário, começando em cima a esquerda:
The Eagle (2011), Horribe Histories: The Movie (2017),
Gladiator (2001) e Imperium: Augustus (2003)

Perfeito! Amo o fundo vermelho! Além de eu achar a cor maravilhosa, também é o visual mais reconhecível pelo público (exceto pelos fãs de Asterix, os escudos dos soldados romanos nas histórias do Asterix são azuis). Vermelho é a cor de Marte, o deus da guerra. Bem apropriado os meus inimigos olharem uma parede vermelha lembrando guerra e sangue.

E, como a Legião é Fulminata, o elemento de decoração que vai unificar os escudos serão os relâmpagos de Júpiter, em amarelo. Quem olhar eu com o Sopro do Leão e o signiferi com esse escudo do meu lado, vai saber que somos do mesmo grupo.

Faço parte da Coorte IV e a nossa patrona é Vênus. É uma boa ideia colocar algo de Vênus nesse escudo do signiferi. Talvez a cor? Não, a cor de Vênus é verde e mesmo que seja colocada uma coroa de louros verde no escudo a ligação mais simples é com a Vitória. Podemos colocar alguns dos símbolos dela... a concha é razoavelmente fácil de fazer e colocar em qualquer lugar. Aliás, pela simetria da concha, uma posição centralizada, na bossa do escudo deve ficar ótima! Outro bom plano!

A bossa com a concha decorada

Fui fazendo a bossa nos momentos de espera de cola secando, jornal secando, EVA secando, etc. É, eu menti, já tinha pensado na decoração lááááá no começo do processo. A bossa é uma hemisfério de isopor com 17.5cm de diâmetro e recoberta com EVA autocolante de 2mm. A concha foi feita com EVA de 5mm. Para recobrir o lado externo, fiz um disco de EVA de 27.5cm de diâmetro e cortei um asterisco com faixas de mais ou menos 2cm, colei o asterisco o melhor que pude no meio do isopor e depois fui encaixando os retalhos que sobraram no vazio. Depois de colado, lembre de passar ferro quente, por cima do EVA, isso ajuda ele a ficar com o formato correto.

O lado de dentro, também coberto de EVA

Do lado de dentro o processo foi parecido, mas fiz duas faixas com o EVA de 2mm e colei em formato de cruz. Dá para ver na foto que sobrou um montão dessas faixas, isso vai ajudar a ancorar a bossa no escudo. Do mesmo jeito que do lado externo usei os retalhos para fechar o resto do espaço, do lado interno foi feita a mesma coisa. Uma diferença são os dois discos com EVA de 5mm fixados bem no meio do lado interno. O primeiro disco é um pouco maior e tem quatro "picotes" nos cantos, para encaixar melhor na superfície curva, o segundo disco é menorzinho e vai por cima do primeiro. Todo EVA usado para fazer a bossa foi autocolante.

Voltando ao escudo, podemos colar a parte interna dele, EVA de 5mm autocolante. Infelizmente o EVA veio em folhas de 50cm, então não dá para cortar um disco único. Cortei uma faixa cobrindo horizontalmente o meio do escudo e mais dois pedacinhos para a parte de cima e de baixo. O corte para o acesso a bossa eu fiz com bastante cuidado, mas as laterais foi bem tosquinho. É bem mais fácil fazer o ajuste cortando as rebarbas depois do EVA colado na estrutura.

Dá para ver a diferença de cor entre o EVA que coloquei
no meio e os retalhos que completei em cima e em baixo.

Antes de colocar a bossa, montei uma base para colar ela mais fácil. Na primeira imagem desse post dá para ver um anel de EVA na face frontal do escudo. Aquilo foi feito com um disco de 18 cm de EVA, depois feito o recorte interno com 16cm mas não foi removido o disco interno inteiro, deixei uma faixa no meio e dobrei as bordas ao redor do PVC, para acolchoar a manopla. O excedente é fácil cortar com um estilete e usar as lascas para remendar qualquer pedacinho que tenha ficado ruim. As bordas internas ficaram meio desniveladas e completei com massinha de EVA (e mais um tempo esperando secar).

Chegou a hora de colocar a bossa, isso é feito passando cola de EVA/isopor na borda do hemisfério de isopor e encaixando ele na base que foi feita no parágrafo anterior. Passei as quatro abas da bossa pelo buraco, removi a proteção delas e colei na face interna do escudo. Sim, não tenho nenhuma foto para mostrar isso, mas o que interessa é que desse jeito a bossa fica bem presa e ancorada na estrutura do escudo.

O EVA da parte da frente é de colchonete de ioga, tem 10mm de espessura, um lado bem lisinho e o outro com uma textura interessante. Mais uma vez o tamanho do EVA não ajuda: 1 metro de comprimento por meio metro de largura. Ou seja, não dá para cortar o disco inteiro. Cortei dois meio círculos. Para caber no EVA que eu tinha, um meio círculo virado para cada lado. Esse EVA não é autocolante, então precisei passar cola de contato em toooooda a face frontal do escudo, nas bordas internas do EVA vermelho e colei o EVA na estrutura do escudo, um lado no outro e o meio no EVA da bossa. Como o EVA é razoavelmente maleável, nesse estica, puxa e cola, em alguns lugares ficou um vão entre a bossa e o EVA vermelho. Se tem buraco e desnível já sabe, né? Massinha de EVA.

De novo manter tudo bem preso até a cola secar.

E agora é vamos deixar secando a cola até o próximo post (pode até ter algum outro no meio, mas continuar essa história só na próxima segunda-feira, vou tentar deixar agendado assim).

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Escudo de Porta-Estandarte - parte 1a

Ok, vi o post que fiz ontem e achei que a descrição em texto com só duas fotos não ajudou muito em como as coisas foram feitas. Para tentar resolver isso fiz um guiazinho ilustrado, espero que ajude quem resolver fazer um escudo do mesmo tipo.

Um passo-a-passo para fazer tudo que
foi descrito no primeiro post

Agora é esperar a segunda parte, acredito que devo postar na segunda-feira (26/02/2024).

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Escudo de Porta-Estandarte - parte 1

Quem já leu Heróis do Olimpo sabe da importância da aquila da Legião Fulminata. Para quem não leu, o resuminho: a aquila representa o poder do Senado e do Povo Romano e cada legião tem uma delas. Uma legião perder a sua águia traz vergonha e desgraça. Obviamente um item valioso desses fica bem guardado e escondido, certo? Errado.

A águia é um símbolo de poder e, portanto, precisa ficar bem visível. Ela fica posicionada no alto de uma haste, carregada como se fosse uma lança. Para aumentar o destaque, o legionário que carrega a águia usa uma pele de leão por cima da armadura. Toda uma simbologia pesada de força e agressividade.

Aquilifer com o escudo redondo e portando a aquila

Além do simbolismo, o estandarte da legião ser destacado e visível tem pontos práticos: a legião segue o estandarte. O estandarte faz parte da sinalização nos combates, esse é outro motivo para ele ficar a frente das tropas: em um ataque está todo mundo olhando para frente, na direção dos inimigos! Por isso quem carrega a aquila vai na frente, puxando os ataques. E, quando o portador da águia recua, os legionários recuam com ele.

Apesar de muito importante, a aquila não é o único estandarte das legiões, existem alguns outros e, em escala menor, cada unidade tem o seu próprio que também usa para identificação e sinalização. Enquanto o aquilifer é a designação específica do portador da águia, dá para chamar todos esses cargos de porta-estandarte coletivamente como signiferi, já que são "portadores" (-fer) dos "símbolos" (signi), mas normalmente cada um desses cargos recebe um nome específico:

  • Aquilifer: carrega a águia da legião;
  • Imaginifer: transporta a imagem do Imperador, tem apenas um por legião;
  • Signifer: leva os símbolos da coorte ou da centúria;
  • Vexillifer: dependendo da época, carrega a bandeira da legião ou da coorte.

Cada um desses porta-estandartes vai a frente da sua unidade, um lugar perigoso nas lutas, mas para compensar o risco é um cargo que vem com grande honra e pagamento dobrado. Pelo menos a águia da Legião Fulminata solta raios, o que deve ajudar quem a está carregando a permanecer vivo e receber o pagamento dobrado.

Para ajudar, não dá para carregar um scutum e um estandarte ao alto o tempo todo... óbvio que a prioridade é o estandarte, então descarta o escudo retangular cilíndrico. Mas também não dá para deixar a pessoa completamente sem escudo, certo? Certo. Por isso os signiferi carregam um escudo redondo com cerca de 60 centímetros de diâmetro chamado parma. O que é melhor que nada, mas bem perto de nada.

Ou seja, mesmo com esse escudo para se defender, parece bem óbvio que o signifer depende muito dos seus colegas legionários para não morrer. Parece e é isso mesmo, como perder um dos símbolos é uma desonra para todos os legionários, então todos estão empenhados em defender os seus signiferi. O que leva a conclusão que estar "a frente" não quer dizer que eles estão necessariamente "na primeira fileira".

Bom, e me desviei bastante do que queria escrever nesse post: fazer mais um escudo. Já fiz um vexillum, um manus, até uma aquila para usar em eventos. Ficaram todos bem legais (e acredito que merecem uns posts aqui no blog), arranjei uma touca de leão de pelúcia... o que falta para ter todo o material de fazer um signifer? O escudo. Então esse foi o projeto, um escudo redondo de signifer. Um escudo redondo, pequeno, com manopla horizontal e bossa. Como dessa vez eu tirei umas fotos enquanto fazia, acho legal mostrar um pouco de como foi o processo!

O primeiro passo foi cortar dois discos de papelão. Eu usei uma caixa que já tinha aqui, então os discos ficaram com 58 centímetros. Os dois discos são colados, um com a "trama" em 90 graus com relação ao outro. A manopla é um cano de PVC achatado nas pontas (para isso é só esquentar em uma boca do fogão e ir apertando enquanto está molinho)

A manteiga não foi usada no escudo.

Para segurar melhor a manopla, passei uma tira de fita perfurada dentro dela, a fita atravessa o papelão nas duas pontas, é dobrada e presa na parte da frente do escudo com fita adesiva daquela transparente de fechar caixa mesmo. Já do lado de dentro, o cano de PVC é fixado com tiras de jornal encharcados em uma mistura de cola e água. Várias tiras de jornal. Muitas mesmo. 

Se quiser fazer algo do tipo tem que tomar muito cuidado para o jornal não ficar todo rasgado! Depois de seco o jornal com cola fica bem firme, mas enquanto está molhado ele é muito frágil. O jeito mais fácil de colocar essas tiras de jornal é passar a mistura de cola e água com um pincel onde for colar a fita, colocar a camada de jornal, passar mais uma camada de cola por cima do jornal, depois mais uma tira de jornal, e por aí vai. Não tem foto, mas o ideal é colocar essas tiras em várias direções para prender por toda a superfície do escudo.

Cuidado com os sargentos para não estragarem o papelão!

Depois do jornal ficar razoavelmente seco, passei mais uma camada de cola (acabou de secar, porque não molhar de novo?) e cobri tudo com mais um disco de papelão. Dá para ver na foto que tem umas "janelinhas" recortadas para o papelão ficar nivelado com o PVC achatado. Agora é deixar secando com todas essas camadas bem presas, pode deixar em algum lugar plano com uns pesos em cima, mas eu acho mais fácil prender com sargentos.

E, para ganhar tempo enquanto seca, fui adiantando outras coisas, mas isso é assunto para o próximo post (quem mandou eu ficar falando de signiferi?)

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Leo Spiritus

Precisava de um escudo novo. Não é incomum que as armas importantes dos mitos, contos e ficção em geral sejam conhecidas por um nome especial. Não é a espada do Rei Arthur, é a Excalibur. Espada do Bilbo? Não, essa é a Ferroada. E o universo de Percy Jackson também é assim, quem leu os livros e não lembra da Contracorrente ou da Mordecostas?

Seguindo essa linha, pensei que o meu novo escudo poderia ser uma arma com nome. Para isso precisava ser uma arma especial. Como sou legado de Vulcano, seria interessante vincular de alguma maneira o escudo ao deus do fogo. Um vínculo mais específico que "foi forjado por Vulcano", que é a história de quase todas as armas e equipamentos especiais que aparecem na mitologia greco-romana.

O primeiro item que vem a mente ao se falar de Vulcano e escudo é o escudo de Eneias, feito pelo deus das forjas a pedido de Vênus, sua esposa. O escudo em si é finamente trabalhado, ilustrando várias cenas animadas do futuro de Eneias e seus descendentes, passa pela fundação de Roma, o rapto das Sabinas, diversas conquistas sobre os bárbaros e até as batalhas entre Augusto e Marco Antônio. Sim, além de ser uma defesa mágica e uma obra de arte, o escudo também é profético.

Não vou nem entrar na questão da técnica necessária (e talvez impossível?) para fazer um escudo com todas as cenas que estão descritas na Eneida em EVA com resistência para receber impacto de espadas, lanças e flechas durante as lutas dos eventos do fandom de Percy Jackson, ou o fato que eu prefiro o escudo retangular curvo e o escudo de Eneias é o redondo, mas... quem sou eu para usar o escudo de Enéias?!?!? E cheguei a comentar que o escudo de Eneias não tem nome? Chama escudo de Eneias mesmo, e a ideia era exatamente ter uma arma com nome!

Depois de descartar o escudo de Eneias, cheguei a conclusão que o item que eu fosse criar teria que ser um item original. Com inspiração em alguma história, simbologia ou característica de Vulcano, mas não um escudo presente na mitologia. Enquanto estava desenhando e planejando, vi várias referências e fiquei particularmente interessado nas bossas decoradas. Bossa (ou umbo) é aquela bolinha de metal na frente do escudo e muitas vezes eram gravadas com cenas da mitologia, divindades patronas ou protetoras, padrões geométricos, símbolos, etc. Já sabia onde ficaria a minha referência a Vulcano: na bossa, em uma posição de destaque bem no meio do escudo.

Mas qual seria a referência? Uma bigorna? Meio meh uma bigorna no meio do escudo. Melhor colocar um martelo? Martelo é um dos símbolos de Hércules (tanto que era usado pela II Legião Traiana Fortis) e muita gente ia achar que é um "T" ou até o martelo de Thor. Talvez um foguinho... ou um animal com fogo... Animal com fogo parece uma ideia boa! Fui ver os animais consagrados a Vulcano: o burro, cachorro, garça e leão. É, o leão, pelo fogo interno que tinha, era consagrado a Vulcano. Tem referências também que no templo de Vulcano ficava esculpido um leão que parecia que soprava fogo. Então é isso, a bossa seria uma cabeça de leão! E para ser uma boa arma lendária, precisa de uma origem em tempos heróicos:

Estava tudo bastante adiantado para o meu novo scutum: já havia montado o corpo do escudo, instalado a manopla, separado o material para as bordas, preparado e pintado a folha de decoração; mas para terminar de ancorar a manopla e poder aplicar a folha de decoração era necessário instalar a bossa. E para instalar a bossa precisava primeiro ter uma bossa para instalar. Um trabalho chatinho, demorado e, como já era praticamente de noite, deixei para começar esse processo no dia seguinte. Se acontecesse algo no acampamento e eu precisasse de um escudo para a batalha, podia usar o que peguei do arsenal da Legião, como já estava fazendo desde que virei um legionário.


A estrutura do escudo, aguardando finalização

No outro dia, cheguei nas forjas e fui recebido pelo lar das Forjas do Acampamento Júpiter: Mamúrio Vetúrio, já pensei que iria receber uma bronca ou um convite para testar alguma arma que provavelmente iria explodir na minha cara, mas o fantasma me entregou uma caixa de madeira surrada e razoavelmente chamuscada: "Vi o trabalho que você fez nesse scutum e acredito que finalmente posso lhe entregar isso!"

Conhecendo o histórico pirotécnico das forjas e desconfiado das marcas de fogo na caixa, perguntei: "Hã... e o que é isso? Preciso me proteger?"

"Hahahahahah, ora, ora! Essa é a herança da sua família! Já estava achando que ia ter que mandar para o arsenal, você não tem descendentes ainda e sabe que já passou da idade ideal para receber esse tipo de item, não? Não faça essa cara, eu não tenho culpa nenhuma de você ter chegado tarde aqui no Acampamento! Pode abrir a caixa sem medo, só não coloque o rosto diretamente a frente dela que nem todo legado de Vulcano consegue sobreviver ao fogo!"

Depois desse estímulo animador, coloquei a caixa na mesa e, com uma tenaz, abri a tampa. Fiz bem em ter cuidado, tão logo abri a tampa uma labareda lambeu o teto das Forjas. Por sorte nenhuma das armas escondidas de Mamúrio explodiu com o fogo. Esperei um pouco para saber se haveria mais algum espasmo flamejante e, observando que nada aconteceu, retirei o conteúdo da caixa: uma cabeça de leão que apesar de não estar mais cuspindo fogo, soltava um pouco de fumaça pela boca e parecia bem irritada em ter sido importunada.


Uma bossa em formato de leão!

Tão logo o leão metálico estava nas minhas mãos, o lar emendou uma explicação sobre o autômato mal‑humorado: Nos tempos antigos não era incomum capturar e guardar as armas dos povos conquistados e dedicá-las a Vulcano. Algumas eram mágicas, outras de materiais preciosos e todas eram armas, úteis para qualquer grupo que planeje entrar em combate. Isso fazia com que alguns templos do deus fossem alvos de monstros, ladrões e até de ataques de exércitos inimigos do povo romano. Para proteger esses verdadeiros arsenais eram alocados soldados, autômatos e construídas armadilhas. Na província da Lusitânia as portas de um desses templos eram protegidas por dois leões mecânicos cuspidores de fogo, um para cada folha da porta. Depois da queda do Império Romano, as próprias portas desapareceram nas mãos dos bárbaros e foram dadas como perdidas até que um semideus, filho de Vulcano, conseguiu recuperar as figuras dos leões e trazê-las para o Acampamento Júpiter. Uma delas hoje faz parte das defesas do arsenal mágico da Legião Fulminata e a outra é esta, que vem sendo passada de escudo para escudo e auxiliando os descendentes do deus do mecânica e da técnica nas suas muitas batalhas.

Fiquei um pouco ofendido por Mamúrio me chamar de lerdo, mas bastante contente com a minha herança de família. No mesmo dia instalei a bossa na corpo do escudo, ancorei a manopla nela e apliquei a folha de decoração. Agora tenho um escudo que, ao mesmo tempo que oferece defesa, pode atingir os meus adversários com a respiração incinerante do leão mecânico animado pelo sopro do deus do fogo. Esse escudo é a minha arma mágica: Sopro do Leão, e é bom que os inimigos de Roma mantenham distância!


Pronto para defender o legado de Roma!

Por que um blog sobre Percy Jackson?

Aliás, hoje em dia a dúvida melhor é: por que um blog?

É, eu posso postar o conteúdo que pretendo publicar aqui em qualquer lugar. Mas tenho certeza absoluta que será beeeem mais fácil de encontrar a informação em um blog que tentar encontrar no meio da bagunça que é qualquer uma das redes sociais. E, ainda melhor, as páginas de um blog conseguem ser vistas, catalogadas e baixadas por qualquer um (inclusive eu posso baixar tudo e ter meu backup). É por isso que estou fazendo um blog, para que as informações que eu publicar possam estar acessíveis e disponíveis de maneira razoavelmente universal.

Respondida a primeira dúvida, vem a segunda: o que será colocado aqui?

Bom, essa é mais complexa. Eu sou uma pessoa de muitos hobbies, projetos e planos. Também sou fã de muita coisa do que chamam de cultura pop: Star Trek, Star Wars, Transformers, GI Joe, Conan, Macross, Senhor dos Anéis e mais um monte de coisas. Em resumo, sou um nerd

Mas a minha experiência no fandom de Percy Jackson é diferente das outras: nele eu sou bem mais um produtor que um consumidor. Veja bem, não estou dizendo que não consumo! Eu assisti a série e aqui em casa tem todos os livros do Riordanverso na estante e, de tempos em tempos, releio alguns deles. Mas desde que tive contato com a Legião, já fabriquei um monte de símbolos das legiões romanas, já escrevi contos, história em quadrinhos, desenhei fanarts, logotipos, estampas de camiseta, construí espadas, escudos e aprendi a lutar com eles... e vi que tudo isso ficava preso em grupos de Whatsapp, em aparições relâmpago no Instagram e em alguns posts no Twitter. Adaptando a fala de Roy Batty em Blade Runner: todos esses momentos estavam perdidos no tempo, como lágrimas na chuva.

Sei que os meus momentos não são impressionantes como naves de ataque pegando fogo na constelação de Órion, ou o Portão de Tanhäuser, mas não quero que todas as minhas criações se desmanchem no ar. Por isso, pretendo colocá-las aqui nesse blog. Não sei se tudo que já fiz e farei e nem em qual velocidade, mas o plano é publicar aqui o que produzo ligado ao universo de Percy Jackson e talvez algumas conversas sobre mitologia e o mundo greco-romano.