quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Escudo de Porta-Estandarte - parte 1

Quem já leu Heróis do Olimpo sabe da importância da aquila da Legião Fulminata. Para quem não leu, o resuminho: a aquila representa o poder do Senado e do Povo Romano e cada legião tem uma delas. Uma legião perder a sua águia traz vergonha e desgraça. Obviamente um item valioso desses fica bem guardado e escondido, certo? Errado.

A águia é um símbolo de poder e, portanto, precisa ficar bem visível. Ela fica posicionada no alto de uma haste, carregada como se fosse uma lança. Para aumentar o destaque, o legionário que carrega a águia usa uma pele de leão por cima da armadura. Toda uma simbologia pesada de força e agressividade.

Aquilifer com o escudo redondo e portando a aquila

Além do simbolismo, o estandarte da legião ser destacado e visível tem pontos práticos: a legião segue o estandarte. O estandarte faz parte da sinalização nos combates, esse é outro motivo para ele ficar a frente das tropas: em um ataque está todo mundo olhando para frente, na direção dos inimigos! Por isso quem carrega a aquila vai na frente, puxando os ataques. E, quando o portador da águia recua, os legionários recuam com ele.

Apesar de muito importante, a aquila não é o único estandarte das legiões, existem alguns outros e, em escala menor, cada unidade tem o seu próprio que também usa para identificação e sinalização. Enquanto o aquilifer é a designação específica do portador da águia, dá para chamar todos esses cargos de porta-estandarte coletivamente como signiferi, já que são "portadores" (-fer) dos "símbolos" (signi), mas normalmente cada um desses cargos recebe um nome específico:

  • Aquilifer: carrega a águia da legião;
  • Imaginifer: transporta a imagem do Imperador, tem apenas um por legião;
  • Signifer: leva os símbolos da coorte ou da centúria;
  • Vexillifer: dependendo da época, carrega a bandeira da legião ou da coorte.

Cada um desses porta-estandartes vai a frente da sua unidade, um lugar perigoso nas lutas, mas para compensar o risco é um cargo que vem com grande honra e pagamento dobrado. Pelo menos a águia da Legião Fulminata solta raios, o que deve ajudar quem a está carregando a permanecer vivo e receber o pagamento dobrado.

Para ajudar, não dá para carregar um scutum e um estandarte ao alto o tempo todo... óbvio que a prioridade é o estandarte, então descarta o escudo retangular cilíndrico. Mas também não dá para deixar a pessoa completamente sem escudo, certo? Certo. Por isso os signiferi carregam um escudo redondo com cerca de 60 centímetros de diâmetro chamado parma. O que é melhor que nada, mas bem perto de nada.

Ou seja, mesmo com esse escudo para se defender, parece bem óbvio que o signifer depende muito dos seus colegas legionários para não morrer. Parece e é isso mesmo, como perder um dos símbolos é uma desonra para todos os legionários, então todos estão empenhados em defender os seus signiferi. O que leva a conclusão que estar "a frente" não quer dizer que eles estão necessariamente "na primeira fileira".

Bom, e me desviei bastante do que queria escrever nesse post: fazer mais um escudo. Já fiz um vexillum, um manus, até uma aquila para usar em eventos. Ficaram todos bem legais (e acredito que merecem uns posts aqui no blog), arranjei uma touca de leão de pelúcia... o que falta para ter todo o material de fazer um signifer? O escudo. Então esse foi o projeto, um escudo redondo de signifer. Um escudo redondo, pequeno, com manopla horizontal e bossa. Como dessa vez eu tirei umas fotos enquanto fazia, acho legal mostrar um pouco de como foi o processo!

O primeiro passo foi cortar dois discos de papelão. Eu usei uma caixa que já tinha aqui, então os discos ficaram com 58 centímetros. Os dois discos são colados, um com a "trama" em 90 graus com relação ao outro. A manopla é um cano de PVC achatado nas pontas (para isso é só esquentar em uma boca do fogão e ir apertando enquanto está molinho)

A manteiga não foi usada no escudo.

Para segurar melhor a manopla, passei uma tira de fita perfurada dentro dela, a fita atravessa o papelão nas duas pontas, é dobrada e presa na parte da frente do escudo com fita adesiva daquela transparente de fechar caixa mesmo. Já do lado de dentro, o cano de PVC é fixado com tiras de jornal encharcados em uma mistura de cola e água. Várias tiras de jornal. Muitas mesmo. 

Se quiser fazer algo do tipo tem que tomar muito cuidado para o jornal não ficar todo rasgado! Depois de seco o jornal com cola fica bem firme, mas enquanto está molhado ele é muito frágil. O jeito mais fácil de colocar essas tiras de jornal é passar a mistura de cola e água com um pincel onde for colar a fita, colocar a camada de jornal, passar mais uma camada de cola por cima do jornal, depois mais uma tira de jornal, e por aí vai. Não tem foto, mas o ideal é colocar essas tiras em várias direções para prender por toda a superfície do escudo.

Cuidado com os sargentos para não estragarem o papelão!

Depois do jornal ficar razoavelmente seco, passei mais uma camada de cola (acabou de secar, porque não molhar de novo?) e cobri tudo com mais um disco de papelão. Dá para ver na foto que tem umas "janelinhas" recortadas para o papelão ficar nivelado com o PVC achatado. Agora é deixar secando com todas essas camadas bem presas, pode deixar em algum lugar plano com uns pesos em cima, mas eu acho mais fácil prender com sargentos.

E, para ganhar tempo enquanto seca, fui adiantando outras coisas, mas isso é assunto para o próximo post (quem mandou eu ficar falando de signiferi?)

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